Entenda o que é o feixe de molas e sua atuação na suspensão automotiva.
Além de dominar a direção na prática, um bom condutor deve saber alguns elementos básicos da mecânica. Afinal, ter um veículo em bom estado é uma parte essencial para a segurança no trânsito, beneficiando não só motoristas e passageiros, como todos os outros que circulam nas vias.
Um dos componentes fundamentais para o funcionamento automotivo é o sistema de suspensão, do qual, muito provavelmente, você já ouviu falar. A menção mais comum ocorre em relação aos amortecedores e molas. E isso, de fato, está correto, pois são itens indispensáveis.
No entanto, a suspensão de um veículo vai muito além: são vários componentes, que, juntos, fazem parte desse sistema. Conhecê-los melhor é uma forma de orientação e prevenção de acidentes ou situações desconfortáveis, pois torna-se possível detectar problemas o quanto antes.
Antes de nos aprofundarmos em relação ao feixe de molas, falaremos um pouco mais sobre o sistema de suspensão. Isso ajudará você a entender melhor essa complexa atividade.
Continue a leitura!
Sistema de suspensão
A suspensão de um veículo é responsável por amenizar todas as oscilações provenientes do solo. É ela que liga o chassi às rodas, assegurando que elas estejam sempre em contato com o solo. Assim, absorve-se os impactos sofridos, propiciando o bom funcionamento do veículo.
Em suma, o sistema de suspensão responsabiliza-se por tornar o trajeto seguro e confortável, com menos movimentos e mais estabilidade nas curvas, lombadas etc.
Antigamente, havia uma constante perda de controle em curvas, carrocerias instáveis e pneus furados com frequência devido à irregularidade do solo. Com o tempo, foram introduzidas molas que separavam o eixo da carroceria, mas não tardou para que essa configuração também se revelasse insuficiente.
Sem nada para conter o movimento das molas, os desconfortos eram muito presentes e tudo “chacoalhava” bastante.
Esses fatores não permitiam que um veículo fosse, de fato, prático e seguro. Porém, atualmente, andar de carro ou outro veículo convencional é uma atividade agradável, justamente pela existência do sistema de suspensão completo.
Sinais de problemas na suspensão
O principal guia para o motorista nesse sentido deve ser o próprio veículo e, claro, o conhecimento e atenção do proprietário sobre ele. Isso porque todo barulho ou mudança em um carro tem um motivo, que precisa ser diagnosticado. Portanto, uma das principais dicas é: nunca ignore os sinais, por menores que eles sejam!
Alguns pequenos desgastes só são notáveis ao tentar alinhar o veículo, mas também é possível percebê-los quando se está dirigindo. Exemplos: quando ele não obedece aos comandos do volante, ou trepida bastante ao passar por uma lombada. Abaixo, citaremos outros sinais frequentes.
Desgaste irregular e/ou precoce dos pneus
Se o sistema de suspensão estiver gasto, afetando os amortecedores, será impossível manter o seu funcionamento pleno. E isso refletirá nos pneus, pois as rodas não estarão sempre em contato com o chão. Assim, haverá um desgaste desequilibrado entre eles.
Vazamento de óleo
Outro indício importante é notar se há alguma marca de óleo no chão. Se sim, esse vazamento pode ser proveniente dos amortecedores. Como a vazão do líquido pode ter vários motivos, para não confundi-los, é recomendado levar em uma oficina e pedir avaliação profissional.
Mas vale destacar que se, além dessas manchas, houver outro apontamento de falha na suspensão, é bem provável que o óleo tenha saído do amortecedor.
Ruídos
Este é um dos sinais mais comuns. Caso haja barulho (como rangidos ou pancadas na carroceria) ao dirigir por ruas com buracos ou irregulares, a suspensão pode estar com problemas.
Molas danificadas
Nessa situação, fica mais difícil identificar, já que as molas não fazem barulho. Portanto, é necessário prestar atenção a qualquer indício de desgaste, como perda de altura ou desnível do veículo. Também podem aparecer outros indicadores, por exemplo: quebras constantes dos batentes, ferrugem, pintura desgastada, trincas ou elos batendo.
Molas: itens essenciais da suspensão
Assim como o amortecedor, as molas têm a função de reduzir o impacto que o solo e suas irregularidades terão no veículo. Conectadas às rodas, as molas permitem que as rodas se desloquem com uma determinada aceleração, com o objetivo de motorista e passageiros não percebam a oscilação.
Além disso, as molas possuem outra funcionalidade: elas sustentam o peso do veículo e mantêm a carroceria distante das rodas. Desse modo, os pneus não raspam na caixa de roda, preservando a integridade do veículo. Resumindo: caso não houvesse molas, a máquina sequer ficaria de pé.
Portanto, o conforto veicular depende diretamente das molas, normalmente instaladas na coluna de suspensão ou em suportes a elas designados, conforme o modelo.
Uma curiosidade: antigamente as molas dos veículos blindados precisavam ser reforçadas, pois o processo aumentava significativamente o peso do carro, o que tornava mais difícil mantê-las distante das rodas. Hoje, porém, a blindagem acrescenta um peso bem menor ao veículo e não há a recomendação de substituir as molas.
Tipos de molas
Produzidas em aço, as molas são elementos muito flexíveis e podem ser de três tipos:
- Mola helicoidal;
- Feixe de molas;
- Barras de torção.
Mola helicoidal
Com o formato mais clássico, as molas helicoidais são as mais utilizadas nos veículos atuais. Leves, compactas e adequadas para vários tipos de suspensão, essas molas são essenciais. Dependendo do propósito, seus elos são mais largos ou mais estreitos nas extremidades.
Barra de torção
É geralmente utilizada em veículos comuns de passeios, ligada à bandeja e engatada na estrutura do veículo na outra ponta. Seu formato circular e permite levantar e abaixar o veículo em vários centímetros quando uma seção se torce contra a outra. Esse movimento é causado por conta das cargas provenientes das forças que agem nas rodas durante o trajeto em pista.
Feixe de molas
Trata-se de um sistema mais complexo que as molas helicoidais. Sua aparência também é diferente do que vem à cabeça ao pensar em uma “mola tradicional”. São mais resistentes e suportam mais peso, adequando-se bem a caminhões, ou pick-ups, por exemplo.
Chamado de molas de flexão, o feixe de molas é composto por uma ou mais lâminas de aço sobrepostas, que trabalham como elemento elástico da suspensão dos veículos.
Esse mecanismo teve origem nas antigas carroças/carruagens, que usavam esse tipo de mola para melhorar o conforto. Porém, embora antigo, ainda é utilizado.
Confira os diferentes tipos de feixe de molas:
Feixes de ação linear
Possuem um rate fixo (constante/estático) durante toda a sua faixa de trabalho, sendo destinados a eixos sem variações significativas de carga. Sua atividade expressa-se sob a forma de uma linha reta, por isso o nome “ação linear”. “Rate” é a medida de rigidez da mola; quanto mais alto for, mais rígida é a peça.
Feixes de ação progressiva
Estas molas apresentam um rate variável, com um início macio (suave) e um final mais resistente (duro). A passagem de um rate para outro ocorre de modo progressivo, conforme a carga aplicada se eleva ou diminui.
Os feixes de ação progressiva estão presentes na traseira da maioria dos veículos onde há grande variação de peso/carga. Isso porque sua configuração garante uma boa dirigibilidade, conforto para o veículo vazio e maior resistência a carga.
Tipos de feixes progressivos
Os feixes progressivos podem ser apresentados de distintas formas:
- Contrafeixe: a passagem de um estágio para outro, conforme a carga, acontecerá de maneira suave.
- Ação linear com feixe auxiliar: essa passagem ocorre de forma brusca.
- Contrafeixe e auxiliar: quando há grandes variações de carga.
Configurações de feixe de molas
Múltiplas lâminas trapezoidais
Várias lâminas, juntas, formam uma espécie de trapézio, com seu peso distribuído no escalonamento dessas peças.
Feixe parabólico
É a mais moderna. Contém poucas peças ou apenas uma lâmina, o que diminui seu peso e garante boa capacidade de carga.
A variação de espessura da lâmina ocorre ao longo do perfil de cada uma, proporcionalmente ao peso aplicado em cada ponto. Essa configuração também proporciona menor ou nenhum atrito entre as lâminas, resultando em mais conforto e menos ruídos.
Cuidados essenciais com o feixe de molas
De modo geral, recomenda-se que a suspensão seja revisada a cada 10 mil quilômetros rodados. Essa frequência permite que se note um defeito com antecedência, que resultaria em uma troca preventiva. Nesse caso, você pode aproveitar para verificar as molas.
Confira algumas medidas de manutenção do feixe de molas que podem ser seguidas:
1) A cada 70 mil quilômetros rodados, é recomendado retirar, desmontar, limpar e lubrificar o feixe. Essa medida evita o aparecimento de problemas ou falhas futuras. Essa quilometragem é apenas um guia, não necessariamente uma regra. Trata-se da antiga expressão “melhor prevenir do que remediar”.
2) Substituir lâminas desgastadas, trincadas ou quebradas por lâminas originais e em bom estado. Atenção para não comprar itens usados – que iludem o consumidor por terem sido pintados para parecerem novos.
3) Utilize buchas, grampos e espigões de boa qualidade para aumentar a durabilidade do conjunto. Lembre-se: nunca é uma boa ideia economizar em pequenos itens, já que, a longo prazo, isso pode prejudicar o estado de outra peça.
4) Sempre que possível, evite arquear ou reforçar os feixes para transportar cargas além do limite. Esse ato pode acabar, na prática, apenas danificando o componente e afetando o veículo.
5) O conjunto auxiliar (amortecedores e estabilizadores) também deve ser conservado com cuidado. As medidas específicas quanto ao feixe de molas não terão o resultado necessário se o restante desse grupo não estiver em bom estado. Uma recomendação fundamental é sempre realizar a manutenção preventiva.
Por fim, procure bons profissionais para realizar a manutenção do seu feixe de molas. Um mecânico de confiança faz toda a diferença.