Carros antigos: saiba tudo sobre eles
27 de outubro de 2021
Eles podem até ter sido lançados há décadas; mas, atualmente, os carros antigos ainda arrancam suspiros dos apaixonados por essas relíquias.
Lata velha? Longe disso! Quando já se passou um bom tempo desde o lançamento de um veículo, muita gente costuma apelidá-lo com esse nome pejorativo. Evidentemente, caso ele esteja em mal estado, a pecha faz sentido.
Entretanto, alguns carros antigos são muito mais do que a idade sugere à primeira vista. No fundo, eles representam histórias, um marco de sua época, sofisticação e, nos tempos atuais, podem ser uma relíquia.
O que são os carros antigos?
A palavra “antigo” faz alusão à idade do veículo. Entretanto, com o tempo, cada vez mais unidades passaram a ser englobadas por essa classificação. O termo “carro antigo” nasceu como forma de preservar características particulares de veículos que se tornaram obsoletos, mas que tinham um importante valor histórico e afetivo.
Quando o carro antigo é considerado relíquia?
Primeiramente, carro antigo não é a mesma coisa que carro velho. Eles possuem lataria, peças originais, e, muitas vezes, carregam até mesmo a pintura de fábrica.
É preciso cumprir diversos critérios; um deles relaciona-se à idade contada a partir do seu lançamento. De acordo com a Federação Brasileira de Veículos Antigos (FBVA), para ser considerado um carro antigo, o veículo precisa ter mais de 30 anos de fabricação e até 70% das peças originais.
Categorias FIVA de Veículos Históricos
Classe A (Pioneiros)
Abrange veículos fabricados até 31 de dezembro de 1904.
Classe B (Veteranos)
Veículos fabricados entre 1 de janeiro de 1905 e 31 de dezembro de 1918.
Classe C (Vintage)
Fabricados entre 1 de janeiro de 1919 e 31 de dezembro de 1930.
Classe D (Pós-Vintage)
Entre 1 de janeiro de 1931 e 31 de dezembro de 1945.
Classe E (Pós-Guerra)
Entre 1 de janeiro de 1946 e 31 de dezembro de 1960.
Classe F
Entre 1 de janeiro de 1961 e 31 de dezembro de 1970.
Classe G
Entre 1 de janeiro de 1971 e o limite de cada veículo filiado à FIVA (geralmente, 25 ou 30 anos).
Clássicos do Futuro (Pré-Clássicos)
Mais de 20 anos de fabricação.
Placa Preta
Além disso, o veículo deve estar em perfeitas condições de funcionamento, ter a manutenção em dia e de qualidade e, em alguns casos, possuir a placa preta para carros clássicos de coleção.
Para adquirir a placa preta, é preciso que o carro tenha ao menos 30 anos de fabricação e atender a alguns critérios de originalidade, como mecânica, elétrica, interior e carroceria. Tais critérios são analisados por clubes credenciados pelo Departamento Nacional de Trânsito (Denatran).
Cabe ao avaliador distribuir notas para os diferentes quesitos. E, para ser aprovado, o veículo deve atingir ao menos 80 pontos.
É importante lembrar que essa originalidade das peças do carro, bem como sua pintura, contam muito. Imagine, por exemplo, se o único critério fosse o ano de fabricação. Pouco, não é? Afinal, dessa forma, muitas velharias seriam consideradas relíquias.
É exatamente por esse fator que muitos proprietários acabam investindo muito para recuperar as peças do carro. A restauração de um veículo antigo é bastante cara e, definitivamente, não é para todos.
Em contrapartida, a maioria dos colecionadores possui enorme vantagem sobre os demais motoristas. Trata-se do fato de os carros antigos, geralmente, rodarem menos nas ruas e, portanto, sofrerem menor desgaste de peças.
Mesmo assim, são veículos que inspiram cuidados, que vão desde a pintura, até a compra das peças originais, as quais podem ser raríssimas em alguns casos. Contudo, especialistas apontam que o investimento é recuperado caso seja feita uma boa restauração, podendo inclusive gerar lucro.
No entanto, é preciso consultar um bom profissional da área para saber.
Cuidados com os carros antigos
Imagine um carro fabricado há 30 anos, e que ainda se mantém em bom estado. Qual foi a proeza do seu dono? Bem… para conservar ao máximo a sua relíquia, é fundamental seguir alguns cuidados.
Banho de sol
A exposição à luz solar evita a proliferação de fungos dentro do carro; portanto, é essencial criar uma rotina de banho de sol para seu veículo.
Mas não exagere. Coloque-se no lugar do carro, e imagine que o excesso de luz solar pode prejudicar a sua pele. Pois bem; no caso do veículo, uma exposição demasiada é capaz de gerar queimaduras na pintura, sobretudo os tipos com base em laca (acrílica ou nitrocelulose).
Os materiais do acabamento interno, como plásticos e borrachas, também estão sujeitos a ter sua deterioração acelerada em função das altas temperaturas após muito tempo sob o sol.
Em suma, a luz solar é fundamental para a preservação do carro, mas aproveite-a com moderação.
Não deixe o carro sem rodar por muito tempo
Sabemos que até mesmo um carro novo não pode ficar muito tempo parado na garagem, certo? Pois o mesmo serve para os modelos antigos.
É preciso recordar que o veículo foi feito para rodar. Durante uma inatividade prolongada, os óleos lubrificantes começam a escoar para o fundo dos reservatórios. Dessa forma, uma parte dos mecanismos (que nunca se encontram totalmente emergidos em lubrificante) fica desprotegida e sujeita à ação do oxigênio do ar, provocando sua corrosão.
Esse fenômeno pode ocorrer nos motores, diferenciais, caixas de mudança, caixas de transferência e sistemas hidráulicos. Além disso, a graxa dos rolamentos, quando estes não são movimentados, também começa a endurecer.
Vale lembrar que algumas pessoas pensam que basta ligar o motor e deixá-lo funcionando em marcha lenta até aquecer. No entanto, isso não é suficiente, pois o motor precisa fazer um pouco mais de força.
Para realmente manter a saúde do seu carro antigo em dia, leve-o ao menos para um passeio semanal de 30 minutos.
Higiene
Outro fator imprescindível – óbvio, também! O excesso de poeira sobre a carroçaria provoca riscos na pintura, que precisará ser polida. O polimento, embora necessário em diversos casos, pode gerar desgaste.
A lavagem, por sua vez, está permitida, desde que com os produtos corretos. Assim, solventes à base de petróleo não devem ser usados, pois suas substâncias atacam a pintura e as borrachas. Evite também jatos de alta pressão, já que eles podem deformar a lataria, provocar infiltrações, ou até mesmo arrancar a pintura.
Por fim, o interior do carro precisa estar sempre limpo, pois o excesso de sujeira pode encardir o acabamento. Para isso, utilize sempre produtos neutros.
Lavagem do motor
É permitido lavar o motor sob duas condições: ele precisa estar frio, e o procedimento deve ser feito por um profissional.
O encarregado pela tarefa deve ter cuidado com jatos de água muito fortes, pois eles podem arrancar as etiquetas de identificação do motor e do seu compartimento. Após a lavagem, tudo precisa ser muito bem secado com ar comprimido.
Lembrete: nada de pulverizar o motor ou a parte inferior do veículo com óleo, pois ele deteriora os componentes de borracha.
Para conservar a carroceria, uma capa com revestimento macio é uma ótima opção. Além disso, se você não encontrou os produtos certos para lavagem, procure uma oficina ou um lava-jato especializado em carros antigos e clássicos. Todo cuidado nessa hora é necessário!
Cuidados com o combustível
Enfatizamos agora a necessidade de se ater ao combustível utilizado no veterano.
Para minimizar os efeitos da deterioração da gasolina, recomenda-se o uso do tipo premium, que possui aditivos antioxidantes em maior quantidade. Além disso, ele não prejudica os motores de taxa de compressão mais baixa. O mesmo ocorre com o etanol aditivado.
O lubrificante também merece cuidado. Esses produtos devem ser os recomendados pela montadora do veículo. No entanto, é permitido utilizar lubrificantes mais modernos, de categoria de serviço mais elevada.
Manutenções
Por fim, o fato do veículo não circular muito não significa que ele não precisa de manutenção preventiva. Aliás, essa é a única forma de mantê-lo em boas condições.
Reaperto de abraçadeiras e mangueiras; troca de correias, velas e cabos, tampas e rotor de distribuidor; condensador; platinado, tampa do radiador e filtros são itens essenciais para as revisões periódicas. O mesmo serve para a regulagem de válvulas, do carburador e do distribuidor em função da quilometragem recomendada.
Carros antigos brasileiros
Se formos mencionar as paixões do brasileiro, um dos primeiros itens que vem em nossa cabeça, sem sombra de dúvida, são os carros.
Por isso, listamos abaixo alguns dos carros antigos nacionais mais aclamados pelo público fã desse modelo!
Chevrolet Opala
Nossa lista é encabeçada pelo Chevrolet Opala, criado em 1968 e que não tardou a cair nas graças do público, tornando-se o vice-líder em vendas no País. Diversas versões foram criadas, desde as mais básicas, até o Gran Luxo, de 1973.
A última delas vinha com teto em vinil, revestimento interno com detalhes em jacarandá e o motor 4100. Uma lenda!
O Gran Luxo possui 6 cilindros de 4,1 litros, entrega 140 cv, e acelera de 0 a 100 km/h em 14,2 segundos. Outra versão bastante procurada é o Diplomata, que, como o próprio nome diz, também traz itens requintados.
Volkswagen Fusca
Aqui vai um carro que transcendeu gerações, sendo bastante visado para compra até hoje. Criado na Alemanha em 1934, o Fusca chegou ao Brasil ao desembarcar no Porto de Santos. Com um motor de 1100 cm³, ele não era tão potente, mas compensava – além da economia – pela confiança que transmitia.
Atualmente, o Fusca é o carro antigo mais vendido no Brasil. Porém, suas versões fabricadas na década de 1950 podem custar mais de R$ 100 mil.
Volkswagen Kombi
Seguimos na Volkswagen, mas com outra velha conhecida dos brasileiros. Lançada no País em 1957, ela foi o carro com o maior tempo de produção em nossa história, deixando de ser fabricada só em 2013.
Seu motor de 30 cv com refrigeração a ar, somada à confiável mecânica presente no Fusca, fizeram com que a Kombi logo caísse nas graças da população. Basta andar um pouco por alguma rua para ver uma Kombi circulando com todo seu charme e imponência.
Chevrolet Chevette
O Chevette foi o primeiro veículo compacto da Chevrolet no Brasil. Equipado com um motor 1,4 litros de 68 cv, o carro se notabilizou pela diversidade de versões disponíveis.
Lançado na década de 1970, seu desempenho era muito bom para a época: ia de zero a 100 km/h em cerca de 19 segundos, com velocidade máxima em torno dos 140 km/h.
Reforçando alguns pontos
Diante de todas essas informações sobre carros antigos, já deu para perceber que, provavelmente, eles nunca deixarão de fazer sucesso. Entretanto, não esqueça de que, para manter o seu veterano em bom estado, é preciso ter cuidado redobrado. Portanto, faça as manutenções preventivas sempre que possível.
Além disso, caso o proprietário queira vendê-lo, a melhor opção é manter o carro conservado.
Leia também: Guia completo sobre amortecedores.